3 de novembro de 2010

A praia

Muitas vezes durante o sono, viajo até uma praia. Nessa praia, como quase sempre sento-me junto ao mar e vou observando o movimento das ondas. Simplesmente deixo me levar pelo ritmo das marés. Até esta noite era a única recordação que me ficava; o sentimento de calma e relaxamento que a água provocava em mim, como se a ondulação servisse para repor os meus défices energéticos.
Por vezes, feito erudito e entendido numa matéria, que me transcende, tentava encontrar explicações ao que se teria passado, qual o objectivo desses sonhos... em vão.
Estou calmo e sereno era a única e invariável conclusão a que chegava, bem podia ir pela ideia que a água são sentimentos e o seu normal movimento reequilibra os meus, ou que a água representa a limpeza energética que todo o corpo físico ou energético precisa dela para se recompor; a conclusão era invariavelmente a mesma: não me recordava de mais nada que não fosse o sentimento de paz interior que tal situação provocava em mim.
Hoje porém foi diferente...
Sentei-me à borda da água, como sempre, a olhar o horizonte, sem ponto fixo, sem objectivo algum, somente sentindo o movimento das ondas. De repente pareceu me que a ondulação aumentou e senti um certo receio em ficar naquele local, como se as ondas me pudessem de algum modo atingir e quem sabe derrubar ou mesmo engolir.
Perdido na minha aflição não me apercebi de uma pequena mão que me segurava a camisola. Ao deparar-me com o seu proprietário, senti me como repleto de confiança e estagnei, nada parecia mais ter importância que não fosse o olhar e o sorriso apaziguador que me fixava.
fez um gesto para nos sentar-mos e assim fiz. Do canto do olho espreitei ainda as ondas e vi que tudo estava de novo na ordem.
"O Mar representa os nossos sentimentos e também o nosso contacto com a energia, começou ele por dizer. Por vezes vimo-lo como nosso aliado, nosso amigo e por outras assusta-nos tal é a sua força destruidora, o seu domínio sobre a nossa capacidade de lhe opormos qualquer tipo de resistência. 
Com a energia é exactamente igual, todos nós a aceitamos como um facto, como algo que vive conjuntamente connosco e vamos nos aproveitando dela a nosso belo prazer. Quando, por algum motivo ela abana, sentimos receio, como se de um bicho papão se tratasse. A energia existe para o nosso bem estar e para nos auxiliar em todos os passos da vida.
Por isso é preciso, alimenta-la, respeitá-la e aprender a conhecê-la, assim não haverá mais razões para sustos, para receios, pra temores. Quando está revolta, se lhe tivermos dado alguma atenção anteriormente, iremos perceber quais as causas de tal tumulto, qual a forma de voltar a pôr tudo no sítio, sem danos, sem caos.
O problema passa pela maneira como lidamos com ela, como a usamos enquanto é boa. No entanto quando cabe a nós dar de nós, do nosso tempo, viramos as costas porque já não nos agrada, deixou de ser amiga e passou a inimiga. Os tumultos fazem parte da evolução, se os percebermos ou lhe dermos atenção não serão tabus, serão somente mudanças, umas mais mexidas do que outras."
Sorri à explicação e fechei os olhos...para os voltar a abrir à realidade. 
Um Abraço Luminoso Para Todos