18 de outubro de 2010

RECORDAÇÃO DE VERÃO

Olá a todos,
Hoje estava eu aqui a fazer as limpezas no meu PC e descobri aqui uma pasta que dizia blog. Abri e vi alguns textos que foram escrito e dos quais  já nem me lembrava. Como foram escritos por algum motivo aqui vão eles, espero que vos digam algo:


A Praia
Sentado nesta praia meia deserta, a hora avançada do dia vai afastando os banhistas, deixando para trás os mais sonhadores, os que desejam queimar os últimos cartuchos, aproveitando os últimos raios de sol, ou como eu, os sonhadores que esperam sempre  alguma novidade trazida pelo pôr do sol.
Ao longo uma pequena embarcação cruza o horizonte deixando rastos no mar lânguido.
Gosto de saborear estes finais de dia nesta praia, proporciona-me a serenidade suficiente para repôr em ordem algumas ideias que me foram circulando pela mente. Hoje recordo me de uma conversa com um antigo conhecido meu, que aconteceu aqui mesmo, que os anos afastaram, tanto da mente, como da presença.
Por acaso olhava distraído para um pequeno grupo que se divertia junto à água e de facto uma das caras pareceu-me familiar, não me conseguia enquadrar de onde, mas tinha a nítida sensação que não era um dejá vu, mas sim alguém que cruzara diversas vezes fases da minha vida, não sabia contudo nem quando, nem onde…
Foi ele que fez o primeiro passo, primeiro acenou, sorrindo, fiz o mesmo, fosse quem fosse também as mesmas dúvidas deveriam ter surgido nele, ou então certezas. Aproximou-se, trocamos cumprimentos e confirmei; tinhamos sido colegas de escola em Coimbra…tão longe que estávamos daquela cidade! e no entanto o destino encarregara-se de nos juntar nesta praia...
Aos poucos saímos das formalidades e banalidades habituais e chegamos a assuntos mais pessoais, ficando a saber que este meu amigo tinha tido uma depressão e que ela o afastar de tudo e de todos, acabando mesmo por o afastar dos sítios que habitualmente e durante anos frequentara.
Numa primeira pergunta apeteceu-me saber o porquê de se afastar, mas preferi que se alongasse o assunto para depois poder tirar conclusões ou não. Somos tão céleres em tirar conclusões ou fazer julgamentos instantâneos sobre o que nos contam e depois arrependemo-nos ao verificarmos o tão precipitado fomos …
Assim acabou por me explicar que andou anos após anos em tratamento para debelar o seu problema, muitos dos quais inundado em medicamentos, saltitando de lés a lés no país e por alguns países estrangeiros, na tentativa de se encontrar (foi  expressão que mais adorei).
Após ter esgotado todas as terapias ditas convencionais, acabou por enveredar pelas terapias alternativas.
Ainda não estava curado, (será que algum de nós o estará um dia, pensei eu), mas já conseguia actualmente regressar às suas origens e conviver, algo que fora perdendo com o tempo e os tratamentos.
Passamos um bom bocado a recordar o nosso passado e finalmente acabou por ir embora, deixando me novamente sozinho com os meus pensamentos.
Mais uma vez fiquei grato por este encontro, e o porquê de nada acontecer por acaso.
Percebi que havia uma lição importante a retirar deste dia com especial incidência nomeadamente na experiência vivida por este meu amigo.
Quando a nossa vida não está de feição, seja ela em termos monetários, físicos ou psicológicos, temos todos a tendência de nos afastar das pessoas com as quais habitualmente convivemos. Como se os nossos problemas fossem mais do que um problema, fossem uma fraqueza, uma doença que se pudesse pegar.
É nessas alturas que deveríamos ter mais coragem em aproximar-nos, em auxiliar-nos dos que nos conhecem, porque são eles os nossos elos de ligação com esta vida, com os nossos problemas, com as nossas alterações emocionais, e também são eles , por nos conhecerem tão bem, que nos podem ajudar.
Acredito que os problemas nos surgem para nos testar, para ver de que forma a nossa evolução está a seguir o seu caminho e nós o estamos a apreender. As dificuldades têm a sua razão de ser têm a sua forma de aparecer. Ao afastarmo-nos de quem nos conhece e nos pode dar uma mãozinha, estamos a atrasar a nossa análise e a nossa evolução, estamos a dificultar o nosso caminho… estamos a esconder o problema ou a esconder-nos dele…
O que eu quero dizer é que as dificuldades não fazem de nós seres mais “fracos” e não nos devemos esconder e afastar de quem nos quer bem, devemos sim estar mais receptivos à ajuda que nos podem trazer e para isso dispostos a aceitar essa ajuda, só assim, com opiniões diferentes, e muitas vezes mais isentas que a nossa, poderemos avançar no nosso traçado montanhoso.
Nada acontece por acaso, isso engloba tanto os acontecimentos, como as pessoas que nos rodeiam. Se elas estão no nosso caminho, quando o problema acontece é porque, quem sabe? poderão ter uma parte importante a realizar no nosso processo de “cura”? 
Um Abraço Luminoso Para Todos