19 de junho de 2010

Sonho II

No meu sonho o dia estava a acabar, o sol fugia, deixando espaço à noite e à lua  para que tomassem conta do turno.
Tomei consciência do meu Eu, sem contudo conseguir vislumbrar o meu envolucro, estava à espera de um transporte.
Sorri, pelo menos no sonho, à minha frente parou um electrico e entrei. Olhei para o condutor e ele nem levantou os olhos dos comandos, de tão absorvido que estava no cumprimento das suas funções. Olhei para o interior, somente me apercebi de um lugar vazio no final do electrico. Estava tão bem disposto que não me apetecia sentar-me, no entanto deixei que os meus passos me guiassem em direcção ao fundo do eléctrico. Sempre com o sorriso nos lábios, lá ia avançando olhando para os restantes passageiros.
Todos eles estavam ou de cabeça baixa, ou olhando em frente, sem sequer se aperceberem do que os rodeava, nem sendo sequer capaz, deduzia eu, de descrever a pessoa que estaria sentada ao seu lado.
Tentei fixar os passageiros, nem que fosse para eles olharem para mim, curiosos com este curioso, mas nem isso conseguiu desviar a sua atenção na minha direcção. Tentava, em vão, sorrir para todos enquanto ia passando por cada fila de bancos, insistindo no olhar, para provocar alguma reacção nestes corpos inertes. Finalmente já em desânimo, senti que o meu sorriso se esvanecia e que uma profunda tristeza ia tomando conta da minha anterior alegria. 
De cabiz baixo, sentei-me no unico lugar vago e tambem eu dei por mim a baixar a cabeça; triste e resignado. Não percebia o que estava a fazer neste meu sonho, não percebia qual a lição ou missão que ele me queria ensinar, por isso deixei-me estar sentadinho.
Mas como se uma força me abanasse do torpor em que caíra,levantei de novo a cabeça e tentei um último sorriso em direcção ao meu vizinho do lado.Aí, tudo se alterou, o meu vizinho do lado sorriu e olhou para mim cumprimentando-me. Aos poucos, como se alastrando, cada um dos passageiros pareceu atingindo por um raio de alegria, acenavam uns para os outros e sorriam...
Acordei com o sorriso nos lábios, certo de ter aprendido uma nova lição:
Por vezes um pequeno gesto é o suficiente para provocar mudanças radicais nas pessoas que nos rodeiam. Um pequeno esforço individual, pode ser sinónimo de um grande feito colectivo.
Se nos dedicarmos a fundo ao que nos vai no coração e o demonstrarmos, se nos entregarmos completamente no que acreditamos, bastará que tal atitude ajude uma pessoa e todo o empenho terá valido a pena.
Não podemos é duvidar que somos capaz  nem denigrir as nossas capacidades. Se acreditarmos que todos somos peças da mesma engrenagem, que todos somos fundamentais no bom funcionamento desta máquina, então sim saberemos da nossa importância , da nossa capacidade de Amar e ser Amado, da nossa apetência para trabalhar em prol do Amor Incondicional, de conseguir grandes feitos, como um sorriso, mesmo que pequeno, numa face triste...
 Um Abraço Luminoso Para Todos