16 de julho de 2010

Conversa de cafe II

Tem estado um calor de rachar e isso tem sido a causa de eu ir mais tarde para a minha esplanada preferida.
Sento me e observo, como sempre, o que à minha volta vai acontecendo.
Hoje, para não variar, estava mais nas nuvens do que presente, quando o pessoal começou a chegar ao Ponto de Encontro. Entre cumprimentos e trivialidades, apercebemo-nos que o João andava desaparecido há vários dias. O que se passa com ele? perguntava um... ao certo ninguém sabia, somente que não aparecia.
Um telefonema e lá conseguimos que viesse ter connosco, uma coisa rápida, um cafezinho e voltas para casa, dissemos nós, para o convencer... lá veio.
Chegou cabiz baixo, triste, sem brilho....
" Tenho andado em baixo, disse ele quase como introdução, não me apetece sair de casa, não me apetece fazer nada. Chego do trabalho e fico sentadinho no sofá, sem fazer ondas, não sei o que se passa mas também não me apetece perder tempo a pensar sobre isso... isto há de passar..."
Fomos esticando a conversa, puxando por ele , tentando mostrar-lhe outras perspectivas, enfim fomos conversando entre amigos, com as piadas e as brincadeiras que sempre nos animam e nos fazem sair de casa para estarmos juntos, neste pequeno cantinho.
Ao fim de um tempo já o João estava com outro aspecto, com outra cara, com outra disposição. Acabou por deixar escapar " já estava com saudades de estes bocadinhos, de esta lufada de ar fresco.."
Nesta frase resumiu todo o sentido do meu pensamento. Quando estamos juntos vibramos em conjunto, bem que todos tenhamos os nossos problemas, estar ali faz com que esses mesmos problemas passem para segundo plano. Movimentamos a energia da amizade e vamos carregando as nossas baterias de forma que encaramos os problemas com outra cara, outra perspectiva.
O que queria deixar como ponto de pensamento e reflexão, utilizando as palavras do João, é que juntos podemos ultrapassar melhor os problemas. Conseguimos outros apoios e outras visões, conseguimos outras forças.
Assim, quando estamos em baixo é o momento em que devemos mais rapidamente recorrer aos amigos e ao contacto com os outros, o que normalmente não fazemos. Quando estamos em baixo é quando mais facilmente nos fechamos em copas e no nosso cantinho.
 No entanto nessas alturas devemos confiar nos outros e aproximarmos-nos, porque teremos outra carga, outra visão, outro apoio.
Os amigos são para as ocasiões; sejam essas boas ou más, por isso não se afastem quando estão em baixo, pelo contrário aprendam a confiar e a pedir ajuda, só assim perceberemos que toda a energia é cíclica, hoje ajudo eu a que atinjas de novo o cume da montanha e amanhã será a tua vez de me ajudares a subir. Sempre seremos úteis uns aos outros no caminho, desde que nunca percamos o contacto e não nos afastemos uns dos outros.
Individualmente somos vulneráveis, em grupo somos insuperáveis.
Um Abraço Luminoso para Todos